IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
"Quando conheci a Thaís, já falei que sempre quis ser mãe. Depois de três anos juntas, disse: 'é hora'. Estava com 36 anos, meu relógio biológico estava correndo", diz a pediatra Luciana Avelar, 38.
"Queria usar meu próprio óvulo para implantar no meu útero. A Thaís sempre falou que para ela não interessava muito engravidar."
A musicista Thaís Félix, 25, conta que respeitou essa vontade da parceira de ter um filho geneticamente dela. "E o doador de sêmen anônimo é importante.
Não queremos separação, óbvio, mas, imagine se acontece e temos que dividir a guarda com duas mães e um pai. Ainda nem conseguimos registrar nossos filhos com dupla maternidade, precisamos de decisão judicial para isso", diz.
A pediatra passou por oito estimulações ovarianas. Na sétima, conseguiu um embrião, mas o médico sugeriu congelar e tentar mais um mês para ver se ela conseguia pelo menos mais um para aumentar a chance. " Fiz a oitava vez e nada de óvulos."
Thaís resolveu, então, participar e usar seus óvulos para implantar em Luciana.
"Na primeira tentativa conseguimos um embrião", conta. Foi implantado no útero de Luciana um embrião de cada uma.
"O médico consultou o Conselho para saber se poderia ser assim e tudo bem. Não esperava engravidar dos dois. Não poderia ter sido mais perfeito: um de cada, um casal."
Quando a Laura e o Lucca nasceram, Thaís tentou participar da amamentação.
"Tomei remédio e estimulei com bombinha. Mas eles confundiam os bicos: o meu, o da Luciana... não deu certo."
Luciana esperava preconceito, mas diz que a reação das pessoas é de curiosidade. "Quando nossos filhos crescerem podemos explicar que tinha um homem bom que deixou sua sementinha para um caso igual ao das mamães, que não podiam engravidar sozinhas."
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