terça-feira, 29 de maio de 2012

Ofensa em cinema resulta em injúria



A Polícia Civil do DF concluiu o inquérito sobre a ofensa feita à atendente negra Marina Serafim dos Reis, 25 anos, em 29 de abril. O delegado da 5ª Delegacia de Polícia Marco Antônio de Almeida, indiciou por injúria racial o psicanalista Heverton Octacílio de Campos Menezes, 62 anos. Ele teria dito à jovem que ela "deveria estar na África, cuidando de orangotangos", ao ter sido repreendido por querer furar a fila do cinema. 


O inquérito foi encaminhado à Justiça e, em seguida,  remetido no último dia 23 para análise e manifestação do Ministério Público do DF e Territórios.

Segundo a lei, "injúria é o ato de ofender a dignidade ou o decoro". Quem a pratica comete o crime previsto no artigo 140 do Código Penal, com pena de um a três anos de prisão e multa. O parágrafo 3º estabelece que a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes à raça, à cor, à etnia, à religião, à origem ou à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. 

No histórico de ocorrências envolvendo Heverton, estão 10 denúncias de injúria, desacato à autoridade, lesão corporal e injúria discriminatória com cunho racial. 

No mês passado, o acusado comprou um ingresso para assistir ao filme Habemus Papam e tentou passar na frente dos demais e ainda deixou subtendido que a moça não estava apta para a função. Com medo da reação das outras pessoas, ele correu até as escadas rolantes e conseguiu escapar de um shopping da Asa Norte.

Quase um mês após esse episódio, o Distrito Federal registrou mais uma ocorrência de injúria racial na manhã de sábado (26). Desta vez, a vítima foi o sargento da Polícia Militar Cléber Silva, ofendido durante o atendimento de uma ocorrência de acidente de trânsito no Pistão Sul, em Taguatinga. O acusado é um engenheiro civil de 34 anos, que acabou encaminhado à 21ª Delegacia de Polícia. 

Por volta das 6h, o suspeito bateu uma caminhonete Hilux em um poste de luz, mas não quis se identificar aos bombeiros e aos policiais que atenderam a ocorrência. Visivelmente embriagado, o condutor foi levado para a delegacia, onde teria dito na frente de policiais civis e da delegada Nancy Peixoto: “Eu não sei o que esse negão acha que pode fazer comigo me trazendo aqui”. Ele se referia ao policial Cléber.

Após a declaração, ele acabou preso em flagrante por desobediência e injúria racial. A polícia o soltou cerca de uma hora depois após o pagamento de fiança de R$ 3 mil. Se condenado, o engenheiro pode pegar de um a quatro anos pelos dois crimes. 

Ao chegar à delegacia, o acusado teria se exaltado. “Ele ainda xingou o agente de ´palhaço´ e de tudo o quanto é nome. É complicado esse tipo de situação porque uma pessoa instruída deveria dar o exemplo”, criticou Arcanjo. Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, o engenheiro estava visivelmente embriagado. 

No carro dele, os militares sentiram odor de bebida alcoólica derramada. “Ele se recusou a soprar o etilômetro, mas o veículo estava encharcado”, revelou o soldado Arcanjo.

http://www.espacovital.com.br, em 29/05/2012.


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